terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Paulo

Hoje eu conheci o Paulo. Taxista, 49 anos, três casamentos, cinco filhos. Me pegou ali na Tutóia. Me deixou em casa. Hoje eu não eu não voltei a pé. Volte de táxiii. Fui participar de um evento sobre a Nova Zelândia, representando a escola de inglês na qual eu estudei por lá - é bom se despir da fantasia de jornalista quando em vez...Mas na volta eu conheci o Paulo. "Bebia demais, sabe, filha? A primeira mulher cansou de mim". E ele cansou dela. Pela conta dele, a primeira mulher lhe custava um papel higiênico por dia, vinte pães, um sabonete, um quilo de carne e uma certa dose de encheção de saco. "Mas ela era uma coitada, como todas são". Aí veio a segunda. Durou sete anos. Aí veio a terceira. Cinco anos. Haja gosto pelo "casar"! Agora ele decidiu que não casa mais, ao menos não tão logo. Mora com um dos filhos, que não quer nada com nada. O menino decidiu prestar concurso público para ser policial. Desgosto. O mais velho tá na faculdade. Alegria. Mas teve que ficar um tempão com a faculdade trancada por falta de verba por parte do pai. O mais velho tem 24 anos. O mais novo, nove. Paulo é da Mooca mas cresceu na Vila Guilherme. Hoje mora na Serra da Cantareira. Coisa mais difícil é achar taxista que nasceu em SP. Paulo é meio raro porque dá licença aos outros motoristas. Ele diz que não tem maldade e que por isso sempre se deu meio mal. Me identifico. A mãe dele, que Deu a tenha, lhe dizia que ele nunca iria para frente por pura falta de maldade. A viagem chega ao fim. Me custou R$ 23. Pago R$ 25. Dois a mais por sua filosofia. Ao final, diz com tom de quem já viveu vinte anos mais que eu: "Filhaaa, não julga ninguém não. As coisa é difícil para todo mundo. Até quem tem tudo sofre muito nessa vida".

Paulo falou, tá falado.

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