quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A descoberta de Sofia

A Sofia é uma das minhas afilhadas. Vai fazer cinco anos em outubro. Fala pelos cotovelos. Tem uma energia que deixa qualquer maratonista cansado e é braba, braba. Puxou o pai, não a mãe. Ela mora no centrão de São Paulo. Mas como toda criança de classe média paulistana, anda muito mais de carro que a pé. Pois nesta semana, a mãe dela, Claudia, a levou até um evento num bar ali na Antônio Prado. Foram caminhando. Ela levou um dos seus violões. Brinquedo velho, desafinado, mas muito querido por ela, já que a avó lhe deu de presente. No caminho, ela viu aquele monte de criança pobre, pedinte, já parte da paisagem do centro de SP. No bar, sentadas em uma mesa na calçada, a Sofia deixou seu violão sozinho um segundo e, quando se deu conta, uma daquelas crianças tinha passado a mão no seu brinquedo. Por incrível que pareça, ela não ficou brava, mas ficou questionando: "que criança rouba o brinquedo de outra criança?" (hum...várias! inclusive na escolinha, no prédio, etc). Aí a Claudia contou uma longa história sobre como o violão agora viveria outras aventuras nas mãos de outra criança. E sobre como é bom dividir as coisas com quem não tem nada ou tem menos. Aí a Sofia concluiu que sim, era justo, afinal ela tinha dois violões e, agora, duas crianças têm um violão cada. E voltaram caminhando para casa. Nessa tarde-noite, a Sofia viu de perto as crianças que vivem na rua. E entendeu melhor, apesar de seus quatro anos de idade, como essa cidade pode ser tão linda e tão dura com pessoinhas tão pequenas como ela.

Um comentário:

Paloma disse...

Que história bacana! São Paulo é mesmo uma cidade de muitos contrastes. Mas o melhor é saber que, em meio a tanta gente, e a tanta indiferença, existem as Claudias e as Sofias...bjos
Paloma C