domingo, 2 de novembro de 2008

Uma tarde em Heliópolis

Ontem, sabadão, fomos eu e meu amigo e sócio Tó, fazer um trabalho em Heliópolis - considerada uma das maiores favelas de São Paulo. Fomos fazer uma pesquisa para a empresa que estamos montando, a Classe C. Pegamos o buso Terminal Sacomã e depois a lotação Vila Arapuá - Via Estrada das Lágrimas.

Nossa anfitriã foi a Maria, minha faxineira, que vive ali há 25 anos. Conhece cada viela, cada vizinho, cada etapa pela qual o bairro já passou. As ruas são super apertadas, a fiação é densa e a aglomeração de gente e de casa desafia qualquer conceito de urbanização e arquitetura. Mas três coisas me chamaram muito a atenção:

- as pessoas estavam todas na rua, conversando, bebendo, lavando carro, crianças brincando, som alto rolando. Isso me deu uma sensação de que o bairro tem muito mais vida que os bairros de classe média alta que se fecharam em prédios e condomínios. Por mais que falte espaço para o lazer, as pessoas invadem as ruas e fazem delas seu lazer.

- as casas são difíceis de entender. Começam por uma porta, de onde sai um corredor, uma escada, um andar acima e, pronto, você entra na casa da pessoa. Não tem a menor lógica. Por fora, são todas feias. Por dentro, um brinco. Cozinhas super equipadas, salas confortáveis, tudo limpo, organizado, lindo. O caos é apenas externo.

- as pessoas adoram morar ali. Os depoimentos que ouvimos foram todos nesse sentido. "Aqui todo mundo se conhece, todos dizem oi, se ajudam". O conceito de comunidade é muito forte. E eles não consideram mais Heliópolis uma favela. "Já foi, não é mais", me disse uma moça. "Quem chama a gente de favela é a televisão. Mas a gente não chama não", disse uma mulher que vive ali há 14 anos.

Adorei essa tarde. Nada como andar por São Paulo, pelos lugares mais variados, para entender melhor a cidade.

Se quiser saber mais sobre Heliópolis, veja o site da Unas.

4 comentários:

Anônimo disse...

Cara,
Interessante mesmo esse lance da ocupação das ruas como espaço de lazer.Li outro dia um texto do Arnaldo Antunes que ele dizia que isso era o que mais o havia impressionado em Cuba - talvez a ocupação se desse (segundo ele) por falta do espaço privado. O fato é que as ruas estavam alegres. E daí saiu, anos depois, o verso dele, na música com o Lenine: "Sem ter medo de andar na rua / porque a rua é o seu quintal".
Depois quero saber mais sobre o trabalho!
Bjos!!!

Débora Rubin disse...

Querido amigo,

que comentário ótimo! Me senti meio arnalda, rs. A diferença é que enquanto ele vai a Cuba, eu vou a Heliópolis! rsrs

Mas esse blá blá blá todo é só para te perguntar: vc perdoa essa sua amiga desorganizada que não conseguiu ir na apresentação do seu filme?

Terei eu alguma chance extra de assisti-lo??

beijsss

Anônimo disse...

Ahan! Claro que sim!!!
Foram uma confusão as sessões (com a péssima idéia dos ingressos gratuitos, o q impedia a galera de comprar antes), e só sobrava ingresso p quem conseguia chegar bem cedo (tipo jogo do Palestra) kkkkk
Mas eu te dou uma cópia!
Bjossss!
Camilo
P.S. "arnalda"é foda... kkkkkk

Anônimo disse...

QUEREMOS CONCHAS A PÉ - Parte II

ahahahahahaha