terça-feira, 11 de novembro de 2008

Os percalços de um pedestre

Há duas semanas, recebi um e-mail muito legal de um leitor do blog. Ele conta suas aventuras como: motorista, motoqueiro e, por fim, pedestre - todas igualmente traumáticas. Afinal, viver em Sampa é uma aventura por si só.

Pedi a autorização dele para postar o depoimento. Como vocês podem ver, a vida de pedestre é mais dura do que se imagina. Depois de ler essa história, parei de olhar para o chão e passei a olhar para cima, morrendo de medo dos objetos voadores!

Andar a pé por São Paulo é coisa que já fiz por muito tempo e acabei desistindo por vários motivos. Por muitos anos enfrentei de carro o trânsito da cidade, onde circulava por mais de 100 km diários. Após várias crises emocionais, uma fobia que permanece até hoje e dois motores fundidos em engarrafamentos, resolvi virar motociclista. Quatro anos depois e dois acidentes contabilizados, abandonei a moto e virei usuário de buzão e metrô. Descobri então que os quatro quilômetros que separavam a minha casa da estação do metrô poderiam ser percorridos a pé, na mesma velocidade média que os ônibus. Então, virei pedestre!

Para mim, andar a pé sempre foi motivo de prazer. Era praticante de montanhismo e percorria a pé muitos quilômetros nos finais de semana. Praticava travessias entre cidades, como por exemplo ir de Petrópolis a Teresópolis caminhando pela Serra dos Órgãos; de Pindamonhangaba a Campos do Jordão, subindo a Serra da Mantiqueira, e muitos outros caminhos. Sempre que viajo para outras cidades, reservo um ou mais para caminhar pelas ruas. Por exemplo, troquei uma visita à Estátua da Liberdade por uma caminhada por Manhattan, percorrendo as ruas da ilha num zig-zag inesquecível. Em Paris, gastei um dia inteiro percorrendo ruas históricas desde a Bastilha até o Arco do Triunfo. Recentemente no Rio de Janeiro, mostrando a cidade para minha mulher, caminhamos da Praça XV até Copacabana. E assim tenho feito em todo lugar que visito, pois acho que é a pé que se conhece um povo e sua cidade. A bordo de um carro ou ônibus, tudo passa muito rápido e tudo fica muito distante.

Mas ser pedestre em São Paulo, como dizem, NINGUÉM MERECE! Posso contabilizar muito mais acidentes ou riscos de acidentes andando a pé do que de carro ou ônibus. Além dos atropelamentos, torções de pé, "abordagens" de diversas naturezas, teve até uma caixa de banana que voou de cima de um caminhão dirigido em alta velocidade, passou raspando por minha cabeça e foi se estraçalhar logo à frente, espalhando bananas por todo o lado. Falando em coisas que passaram sobre a minha cabeça, lembrei-me de uma tragédia: uma pessoa atropelada logo atrás de mim foi arremessada para o alto e passou por cima deste abnegado (ainda naquela época) pedestre.

Por essas e muitas outras, acabei desistindo do pedestrianismo. Hoje, graças à minha aposentadoria, moro longe do centro expandido e minha circulação é quase que local e feita num carrinho UM PONTO ZERO. Quando necessito ir a esse centro, deixo meu carrinho numa estação de metrô e uso esse transporte coletivo.

Um comentário:

Jadyr Pavão Júnior disse...

Meu Deus, q saga a do seu amigo!!

Mas como nem todos podem ter o privilégio dele de sair da cidade, se aposentar, acho q o jeito o mudar nossa "vila" mesmo.

Coloque um enquete aí no seu Blog, dona blogueira: "vc acha q é possível mudar a nossa cidade (pra melhor?"

Olha, eu muito tempo achei q não dava... mas agora, já acho que dá, dá pq é necessário, é VITAL!

bjs