sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Uma tarde em Cumbica

Foram duas horas da minha casa até o aeroporto international. Verdadeiro inferno. Marginal imobilizada. Motoqueiros passando ao meu lado com aquela buzina incessante. Situação tal que só reafirmou minha convicção de que é a pé que se vai longe. Prometi a mim mesma que minha cota de Guarulhos tinha chegado ao fim. Não levo e não busco mais ninguém. Ponto.

Chegando lá, na asa D, comprei uma revista, pedi um café e sentei para esperar o vôo que estava vindo de Santiago. Tinha duas horas pela frente. Cheguei bem mais cedo por causa de um troço chamado rodízio. Quando o monitor do aeroporto me avisou que o vôo LAN 0754 tinha pousado, fui lá esperar no desembarque internacional. Tinha uma galera na espera.

Fique meia hora ali em pé, assistindo um monte de reencontros, abraços apertados, lágrimas e até broncas.

Uma mãe loirinha sai pela porta com seu bebê loirinho. É aplaudida por uma meia dúzia.

Uma senhora sai na cadeira de rodas, levada por um funcionário do aeroporto.

Um homem de uns 40 anos mal sai e um menino de uns seis anos sai correndo, pula no colo dele e grita: paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai!!!

(pronto, já estou chorando)

Duas meninas de casaco pesado de inverno saem com uma funcionária e plaquinhas penduradas no pescoço. Desta vez é um pai que sai correndo abraça as duas chorando e grita: fiiiiiiiiiiiiiilhas!

Sai um surfista todo tatuado. Hum...

Mais surfistas. Opa, deve ser o vôo vindo lá da Oceania (Sidney-Auckland-Santiago).

Dois casais aparecem e, ao meu lado, uma turma imensa começa a gritar: "Il, il, il, Portugal tá no Brasil". Chegou o vôo de Lisboa.

Uma adolescente desponta na portinha e seus pais mal esperam que ela saia. Quase invadem a área proibida.

Uma menina com ar de intelectual, com uma meia xadrezada por cima de uma meia calça preta, óculos de aro preto, cabelo picotadinho-moderninho, sai pela portinha desfilando, com seu ar blasé.

Um moça sai com carrinho de bebê, empurrando ora o carrinho, ora as malas. Vê um senhor - deve ser o pai dela - dá-lhe uma senhora bronca e empurra as malas para ele. Hum...o vôo foi cansativo.

Uma família com ares de nova rica sai em fila indiana. Primeiro o pai, depois a mãe (cabelos platinados batendo no bumbum) e, por fim, a babá segurando o menino. Para onde eles foram? Quero ser babá dessa família!

Gentes e gentes com muitas caixas de whisky, vinho, champagne.

Velhinhas sorridentes.

Homens de negócio sem ninguém que os esperem.

E, finalmente, meu pai aparece. Todo amarrotado e cansado das 20 horas de viagem. Corro entre as pessoas para tentar socorrê-lo com sua bagagem.

Peguei o trânsito de volta para São Paulo feliz. Emocionada com a emoção alheia. Pensando na lindeza que é sentir saudade. E na responsabilidade imensa que aquela portinha automática da Polícia Federal tem em resolver essas nossas faltas.

Desfiz minha promessa de não ir mais a Guarulhos e, em fevereiro, estarei lá de novo para ver minha irmã e a minha sobrinha que ainda nem conheço despontarem pela portinha. Minha mãe vindo logo atrás. E meu cunhado carregando as malas (que é a função dos maridos/genros).

Duas horas presa na marginal não é nada quando se trata de rever quem a gente tanto ama.

:-)

2 comentários:

Bibi disse...

Noossa!!! Mas que jornada!!! rsrsrs

Então, o selo você coloca no su blog e indica mais 15.

= )

Beijo!!!

Fabi

Anônimo disse...

Amei!!!! Até demais... li 3 vezes :D