terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Cidade animal

Quando ando a pé em São Paulo, me sinto um cachorro vira-lata prestes a ser atropelado. Fico confusa tal qual o cão, com tanta gente buzinando e gritando ao mesmo tempo.

Quando ando de ônibus em São Paulo, me sinto num daqueles carregamentos de porquinhos que vemos nas estradas. Tudo muito apertadinho, fedido e com um motorista brucutu que de fato acha que tá carregando animal.

Quando ando de metrô em São Paulo, me sinto parte de uma boiada. Juntos descemos a escada, juntos - e espremidos! - entramos nos vagões e juntos, beeeem juntinhos, seguimos para nossos destinos.

Quando ando de bike em São Paulo (ando??), me sinto um passarinho na mira de um caçador. Pronto para ser abatido.

Quando ando de carro em São Paulo, me sinto um leão e viro o rei da selva. Quero passar no sinal vermelho, parar em cima da faixa de pedestre, buzinar feito uma retardada, fechar os outros carros, parar em fila dupla, dar um chega para lá nos ciclistas e xingar a mãe dos outros animais.

Definitivamente, o carro nos torna uns boçais.

7 comentários:

Ana Paula Britto disse...

Adorei o texto! E gosto muito do seu blog!
Sucesso sempre.

Anônimo disse...

Que pena... tenho q concordar :)

Mark disse...

hehehehehehehe
Belo post!!! Lembro sempre de um desenho do Walt Disney, com o Pateta. O Pateta é hiper simpático com todos até que entra em seu carro... Brotam chifrinhos e ele vira um demônio!
Sou assim também, se não me controlar... Tento me controlar desde que um cara apontou um revólver para mim em uma briga de trânsito...

Vera Helena disse...

Que engraçado, me lembrei também do desenho com o Pateta. Sou mais pedestre do que motorista, mas sei bem o que é essa "transformação".

Abraços,

Débora Rubin disse...

Caros Mark e Vé,

no texto original, eu terminava dizendo assim:

"Viro uma pateta. Patética."

Mas fiquei com receio de que a referência não fosse tão óbvia assim!!! rs

Pelo visto, é!

bjssss

da Deb Pateta

Mark disse...

Acho que seria um final legal para o texto!
Não que o final atual não tenha sido legal!

Paloma disse...

Esse texto me lembra a peça que vi sábado com a Isa: "Os Saltimbancos"...bjos