Quando ando a pé em São Paulo, me sinto um cachorro vira-lata prestes a ser atropelado. Fico confusa tal qual o cão, com tanta gente buzinando e gritando ao mesmo tempo.
Quando ando de ônibus em São Paulo, me sinto num daqueles carregamentos de porquinhos que vemos nas estradas. Tudo muito apertadinho, fedido e com um motorista brucutu que de fato acha que tá carregando animal.
Quando ando de metrô em São Paulo, me sinto parte de uma boiada. Juntos descemos a escada, juntos - e espremidos! - entramos nos vagões e juntos, beeeem juntinhos, seguimos para nossos destinos.
Quando ando de bike em São Paulo (ando??), me sinto um passarinho na mira de um caçador. Pronto para ser abatido.
Quando ando de carro em São Paulo, me sinto um leão e viro o rei da selva. Quero passar no sinal vermelho, parar em cima da faixa de pedestre, buzinar feito uma retardada, fechar os outros carros, parar em fila dupla, dar um chega para lá nos ciclistas e xingar a mãe dos outros animais.
Definitivamente, o carro nos torna uns boçais.